FIRE Jovem - Divagações sobre 'Motivação'

5 de fevereiro de 2020

Recentemente assisti o documentário "Inside Bill's Brain", que conta a história do Bill Gates e os desafios que ele enfrentou e continua enfrentando. Em um dado episódio fiquei extremamente impressionado, e com bastante inveja, pelo foco que o ainda jovem Gates já tinha: sua escola havia pedido para que ele determinasse a grade de horários de todos os alunos do campus, o problema envolvia milhares de alunos e inúmeras restrições, isso em um tempo sem tabelas de Excel, até então as coisas eram feitas no braço.

Bill Gates e Paul Allen - Divagações sobre motivação Bill Gates e Paul Alle
Bill Gates e Paul Allen - Blog FIRE Jovem
Gates, ainda adolescente, aceitou o desafio e passou noites acordado junto com seu amigo Paul Allen para resolver o problema. Poucas horas antes da data final o programa finalmente rodou e os horários dos alunos foram definidos. Nos anos seguintes outras escolas e universidades iriam pedir ajudar aos dois jovens prodígios.

O que mais me impressiona nessa história não é a idade dos protagonistas, as limitações tecnológicas ou a complexidade do problema, mas sim o foco e a sede pela resolução que os meninos demonstraram. E, a história viria a contar, aquele foco e dedicação não pararam por ali, os dois construiriam as bases de uma das maiores companhias do mundo e se tornariam bilionários nos anos vindouros.

Eu não me lembro, nessa ainda curta vida, de ter sentido semelhante motivação. Mesmo nos anos de cursinho, quando estudava quase o dia todo e tinha um objetivo claramente definido: passar na faculdade pública de engenharia química, apesar de me esforçar tremendamente. E ainda hoje, 5 anos depois dessa época de altíssimo esforço e dedicação, não sinto o 'tesão' que Gates e Allen sentiram naquelas noites e posso dizer que a dedicação do cursinho foi meu auge até então. A questão é: por que não sinto? O que aqueles jovens tinham que eu não tenho?

Daniel Pink, autor do livro 'Drive', elencaria três principais motivos para a motivação de Gates e Allen:

1. Propósito: eles tinham o propósito e a intenção de serem importantes e fazerem coisas importantes, aquele problema era um dos degraus para atingir seu propósito.

2. Maestria: os meninos eram bons e, sobretudo, sabiam que eram bons. sabiam que tinham capacidade para resolver o problema, a meta era alcançável.

3. Autonomia: eles podiam trabalhar da maneira como queriam desde que entregassem o resultado, sem ninguém no pé colocando horários ou limitações.

De acordo com o autor, se você conseguir unir estes três elementos a motivação será uma consequência natural. Para saber o que te motiva faça a seguinte reflexão: Que atividade eu realizo sem perceber o tempo passar? O que é que me deixa imerso a ponto do resto não importar? Tanto faz se o Bolsonaro está  permitindo a destruição a Amazônia ou se o seu time perdeu no fim de semana, quando fazemos o que realmente gostamos entramos no estado de flow (fluxo), as coisas simplesmente fluem.

Na minha vida percebi que as seguintes atividades me fazem entrar no estado de flow: praticar esportes (principalmente futebol), estudar sobre investimentos e economia, ensinar/apresentar para outras pessoas e aprender coisas novas. Ainda não está claro para mim como cada uma dessas atividades se conecta ao meu propósito (que eu também não tenho certeza de qual é), mas espero que com o tempo eu venha a descobrir. Também é curioso perceber que a minha profissão (Engenharia Química) não está intrinsecamente relacionada a nenhuma dessas atividades, apesar de gostar de aprender coisas relacionadas à EQ raramente sinto-me motivado a ir atrás e buscar novos conhecimentos. Talvez eu aprenda a me apaixonar por ela com o tempo, há um ditado em algum país do leste europeu que diz: "A fome vem com a comida", espero que seja o caso.

Eu acho lindo ver aquelas pessoas que são completamente apaixonadas pelo que fazem, sempre me lembro de um professor da faculdade que deu aula até os 70 e poucos anos e que falava com brilho nos olhos dos 'nanocompósitos poliméricos'. Para mim ainda não está claro se minha profissão será um meio para atingir meu propósito ou se me contentarei simplesmente em exercê-la, o tempo dirá (mas eu aposto na primeira opção, hehe). E eu acredito que se sua profissão não se conecta com seu propósito, você pode usá-la como um meio para atingir a Independência Financeira e perseguir o que te motiva. Mas eaí, o que te faz atingir o estado de flow?  Sua profissão é suficiente para você?

FIRE Jovem


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