FIRE Jovem - O conceito de antifragilidade

7 de fevereiro de 2020

No ano de 2019 li um daqueles livros que mudam a sua forma de enxergar o mundo. Na minha sede por conhecimento sobre investimentos cruzei com um pessoal falando sobre um conceito que nunca tinha ouvido falar, uma tal de Antifragilidade. Movido pela curiosidade decidi pesquisar mais sobre o assunto e me deparei com o livro: 'O Antifrágil', do filósofo libanês e ex-operador de mercado financeiro Nicholas Nassim Taleb.


O conceito de antifragilidade - FIRE Jovem
O Antifrágil, livro de Nicholas Nassim Taleb - blog FIRE Jovem
Para abordar o conceito de antifragilidade comecemos com um a proposição de que podemos dividir algumas coisas do mesmo domínio em tríades, como por exemplo: 

Chato - Indiferente - Legal
Anti-matéria - Vácuo - Matéria
Negativo - Nulo - Positivo
'-1' - '0' - '+1'
Derrota - Empate - Vitória

Perceba que nas tríades listadas acima sempre temos um elemento considerado 'negativo', outro que é 'nulo' e outro 'positivo', perceba também que os elementos das extremidades são opostos: chato-legal, negativo-positivo, derrota-vitória. Com isso em mente responda à seguinte pergunta: qual o oposto de 'frágil' ?

Algumas palavras podem vir à sua cabeça como: forte, robusto, sólido e confiável. E se eu te dissesse que nenhuma dessas palavras realmente representa o oposto de frágil ? 

Pensemos da seguinte forma: frágil é tudo aquilo que se quebra facilmente, que é fraco ou delicado, de forma geral frágil representa algo que é sensível às variações, que se parte com os choques e com o estresse, é aquilo que odeia a volatilidade. Pense numa taça de cristal, ela é claramente um elemento frágil, isso porque qualquer impacto ou a mais leve variação na sua condição de estar intacta pode quebrá-la. Agora voltemos ao problema do 'oposto de frágil':

Se o que é frágil é aquilo que odeia a volatilidade, o oposto de frágil deve ser algo que ama a volatilidade e as variações, algo que fica mais forte com elas, algo que engrandece com os impactos, essa á Antifragiliadade. Até então não tínhamos uma palavra exata para este conceito. Se pensarmos nas tríades, a que representa o domínio da fragilidade é a seguinte:

Frágil - Robusto - Antifrágil

Robusto não é o oposto de frágil, robusto é aquilo que não se importa com as variações, por mais que os impactos aconteçam (em uma rocha por exemplo), ela se mantém lá e simplesmente não se move, a robustez é caracterizada pela indiferença. Já o antifrágil ama a variação, torna-se mais forte com ela, imagine uma taça que que aumenta de tamanho ao ser jogada contra a parede, que fica ainda mais forte com o impacto, essa seria uma taça antifrágil. 

Se você tiver a mesma reação que eu quando ouvi isso da primeira vez você deve estar pensando: "Tá, ok, bem legal a historinha e tudo, mas que me dá um exemplo desse negócio aí, porque eu não consigo pensar em nada prático". Então vamos à eles:

A hidra na mitologia grega é um exemplo de antifragilidade, para cada cabeça cortada nasciam mais duas, ela se tornava mais forte à cada golpe. Nossa, belo exemplo 'prático', hein seu animal?

O corpo humano é outro exemplo de antifragilidade (dessa vez uma antifragilidade limitada). A hipertrofia muscular é o processo de fortalecimento e crescimento dos músculos por meio do estresse, quanto maior o peso erguido mais forte o músculo tende a ficar. As vacinas promovem a imunização do corpo por meio do contato com o agente patógeno, tornando o organismo mais forte ao ser 'estressado' por ele.

No mundo dos investimentos temos o exemplo das opções (ou de uma carteira muito bem balanceada), que se beneficiam da volatilidade do mercado (seja para cima ou para baixo), quanto maior a variação dos preços maior será o ganho com a compra de opções, é claro que pelo menos a orientação do movimento deve estar correta (subida ou descida), mas quanto maior ela for maior será o ganho. As ações também funcionam assim, mas em menor grau, pois se beneficiam menos da volatilidade do que as opções.

A informação também parece ser antifrágil, quanto mais se tenta abafar ou censurar determinada informação maior parece ser sua capacidade de se espalhar e atingir mais pessoas.

Existem diversos outros exemplos: revoluções, o processo evolutivo, o setor aéreo (e não as companhias), as start-ups, etc...

A grande beleza da antifragilidade é que está presente nos mais diferentes domínios, é um conceito que une coisas distintas e torna clara a semelhança entre elas. No livro existem diversos outros conceitos extremamente interessantes que eu provavelmente abordarei em posts posteriores, por enquanto fiquem com a grande regra prática para se beneficiar do conhecimento da antifragilidade:

Como não somos antifrágeis em todos os domínios, a melhor maneira de se beneficiar da antifragilidade é apostar contra o que é frágil, pois, inevitavelmente, o que é frágil irá se romper. Isso é válido para os investimentos (O filme 'A Grande Aposta' deixa isso evidente) e também é válido para a vida. 

Uma última reflexão: a independência financeira é uma maneira de eliminar a fragilidade à necessidade por dinheiro e nos dá a opcionalidade de agirmos e vivermos da maneira como preferimos, se uma crise vier ou você perder o emprego você não estará suscetível àquela variação, você estará, no mínimo, robusto. Por isso confere lá meu plano e os 7 princípios para alcançar a IF ;)


4 comentários:

  1. Legal a sua perspectiva sobre a antifragilidade e a conexão com a volatilidade. Realmente as variações no mercado nos fazem refletir bastante e uma leva mais frágil acaba se perdendo logo no início.

    ResponderExcluir
  2. Cara meu professor de economia e finanças falou desse livro ontem pra mim acredita. Vou dar uma pesquisada e ler !
    Grande abraço!
    Rumo a IF
    https://rumoaif.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Esse livro eu comprei devido a grande quantidade de pessoas comentando sobre, mas ainda não li, não me chamou muito a atenção na verdade, mas quem sabe eu tenha uma surpresa positiva no final.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Bilionário

      É um livro bem longo mas muito interessante, eu indico bastante a leitura para que você tire suas próprias conclusões, a maioria dos resumos (como o meu) capta muito pouco de tudo que o livro passa.

      Excluir



FIRE Jovem - Os Fundos de Gestão Ativa Brasileiros batem o Mercado? O Veredito - Parte III

  Olá, caros leitores, antes de mais nada peço que, caso não tenham visto, leiam os posts anteriores desta série. É importante lê-los para q...

Topo